Se, por acaso, na tarde quente
desta sexta-feira
ela telefonar para dizer-me
que a surdina
se engasgou com o morno vento
ou que o vinho tinto
manchou a porta do ano novo
sem ter sido acusado de homicídio
não me constrangerei
como já fiquei,
outras vezes, constrangido
porque a razão
por vezes contorcida e tensa
não explica o vagar do ar
quando tatua em minha face
o fogo devorador da palavra,
o que não se mostra a qualquer vento.
E por mais que eu queira,
E por mais que eu tente,
Simplesmente, não consigo,
que ele não me queime os olhos,
José Carlos Sant Anna,
...e neste cantar sem palavras
ResponderExcluirqueimando mais do que
um tórrido vento suão,
sem qualquer constrangimento,
eu vou nas asas do vento,
pousar em terras estranhas
tatuar-lhe na face... um pequeno coração! :)
Beijinhos, abraços e um bom fim-de-semana, José Carlos.
E assim terminamos o ano, com o vinho tinto, seco, espero, manchando as entradas de ano. Constrangimento, nem perca seu tempo. Altive o peito, rebata a palavra e siga em frente. Demente é o vento, mera aragem ou ventania, que engasga a surdina. Este sim, o vente, é quem deve se constranger.
ResponderExcluirE, ademais, quem sabe aquele violão que foi levado outrora não da as caras para ver o fogo devorando as palavras. E os olhos, caro Sant'Anna, não irão queimar, ao menos torço que não.
Aproveitemos o vinho tinto para, ao invés de manchar dias ou entradas de ano, tomarmos ao som sibilante desses belíssimos versos. Abraços.
Marcio
Profundo poema me ha encantado y me ha hecho pensar. Te mando un beso.
ResponderExcluirMi portugués es básico y la traducción de Google es pésima.
ResponderExcluirTe comento sobre lo poco que he podido sacar en claro:
Palabras que pretenden marcarse a fuego.
Abrazo.
Que belo poema! Bom ritmo e profundidade. Beijo
ResponderExcluirCom o fogo devorador da palavra o vento ajuda a dispersar aquilo que, no pensamento, é dúvida ou ansiedade. E arde no olhar de quem tudo sabe de paixões. Tão belo meu Amigo José Carlos! E que boa escolha musical.
ResponderExcluirTudo de bom para si.
Um boa semana.
Um beijo.
Gostei muito do poema, San! Um abraço :)
ResponderExcluirCumprimentos,
Cantinho dos Poemas de Criança 👦.
E nestes dias frios do nosso inverno, seria bom que o vento morno viesse para nos aquecer o corpo, mas, não, Amigo, o vento chega gélido e o que nos vai valendo é uma tacinha de vinho tinto para nos acalentar a alma. Mas...em sextas, sabados ou outros quaisquer dias da semana, sejam eles quentes ou gelados, sabe muito bem receber um telefonema de alguém que nos ame para assim , respirando fundo, tirarmos do nosso peito certas angústias e preocupações que nos desassossegam. O vinho tinto pode manchar qualquer porta e não será nada fácil corrigir o estrago lá feito, mas parece-me que a porta do ano novo está perdida não pelo vinho tinto, mas antes pelas barbaridades que temos vindo a assistir , ainda as portas estavam completamente trancadas e ainda muito afastadas da nossa vista. Entretanto, o vento ia chegando, morno, gelado , tempestivo, levando tudo na frente com as suas rajadas, tudo, menos a insanidade de alguns poderosos do nosso mundo. Isso nenhum vento leva, José Carlos! Assim sendo, valha-nos o Amor e saibamos brindar a ele com uma taça de vinho, seja ele tinto, branco ou rosé., de preferência, ouvindo esse lindo som de violão que connosco aqui partilhas Esqueçamos por momentos as imagens que nos chegam através da televisão, de crianças com fome e de tantas morrendo em guerras e pelas mãos dos próprios pais. Há palavras que " devoram", há palavras que ferem, mas há também imagens que chocam que " queimam os olhos dos homens de boa vontade. Hoje " queimaram os meus olhos " a imagem das criancinhas indigines a morrerem de fome. Alonguei-me, talvez tenha saido do tema, mas...apeteceu-me escrever assim...sem constrangimentos, Amigo! Desculpa...mas Já me conheces...Um beijinho e obrigada pelo momento poético. Saúde e serenidade!
ResponderExcluirEmilia
Bonito poema ...aunque no consigo entenderlo bien, la traducción no es fiable.
ResponderExcluirGracias por tu visita!
Un poema profundo, lleno de belleza.
ResponderExcluirGracias.
ResponderExcluirOlá, professor!
Pois é, seu excelente texto me leva aos diversos caminhos da interpretação, um pouquinho das verdades ali, outro aqui, mas vamos nessa estrada da vida, já meio descarrilhada, e eu cá com meus botões, penso no valor, na verdade e no emprego das palavras quando chegam a nós. Algumas com todo o potencial do incentivo, do carinho, enquanto outras já vêm arrasando como um tufão, 'como um fogo devorador da palavra!' Mas assim são as pessoas, assim gira o mundo. Exatamente como não queríamos. Gostaria de sentir, sempre, a leveza das palavras, mesmo com todas as verdades do mundo.
Aplaudo você sempre, professor!
Uma ótima semana, saúde e paz sempre!
Beijo.
Bello poema, un placer leerte.
ResponderExcluirAbrazos.
Há palavras -e olhares- dos quais fugimos porque sabemos perfeitamente o que nos causam. Não é covardia, é sobrevivência, é amor por si mesmo. Aprendemos por golpes e quedas, mas... aprendemos... Poema muito interessante, já o li várias vezes antes de comentar, e embora as traduções sejam por vezes fracas, ainda consigo chegar ao cerne.
ResponderExcluirUm abraço.
Paty
Caro José Carlos
ResponderExcluirO que dizer depois de tantas palavras, belas e bem entrosadas, que vejo aqui, na interpretação deste seu texto que tem muito que se lhe diga. Disse-lhe num primeiro comentário meu que a sua escrita me faz ler, reler, até que treleio. E às tantas não digo coisa com coisa. E vai ser assim também desta vez. Quero apanhar-lhe a essência que me foge, vou atrás dela e ela ri-se dos meus esforços. E gosto. Gosto desta instigação, desse corre-corre. Como diz o "Amor Electro" numa das suas canções, "só é fogo se queimar", e acho que sim, é Fogo.
Boa semana, meu amigo.
Abraço
Olinda
Olá, amigo José Carlos, não exagero ao dizer que li esse seu texto três vezes para formar uma ideia clara na mensagem nele contida. Acontece que pensei em outros escritores, levado pela dificuldade que tive para comentá-lo de forma correta. Um desses escritores, que escrevia como se tivesse fazendo magia, é Juan Lulfo, esse mago das palavras, que influenciou outro mago, este natural da Colômbia, Gabriel Garcia Marquez, para escrever o seu famoso romance Cem Anos de Solidão. Então me perguntei: se esses dois escritores, que também escreviam maravilhas, não podiam ser entendidos pelos leitores da forma mais completa, em razão do Realismo Mágico de ambos ( Marquez aprendeu muito com Rulfo), como poderia eu exigir que este seu texto, caro amigo, pudesse ser entendido de forma direta como se fosse uma frase comum no para-choque de um caminhão. Afinal, posso não ter entendido muito bem a sua mensagem, mas uma coisa é certa, o texto é muito bonito.
ResponderExcluirParabéns, meu amigo!
Grande abraço, uma excelente semana.
... porque há semple algum fogo que nos alimenta a alma!
ResponderExcluirMuito belo!
Abraços e boa saúde!
Olá.
ResponderExcluirMaravilha este poema.
Aquece a alma, este fogo doce.
Agradeço o comentário que deixou no Xaile de Seda sobre a minha participação na Quinzena do Amor.
Abraço e brisas doces **